Revisão científica de pesquisas sobre metais inalados nos cigarros eletrônicos

Publicado:

Tempo de leitura: 2 minutos

Uma das preocupações em relação aos cigarros eletrônicos é a potencial inalação de compostos metálicos nas emissões dos aerossóis produzidos pelos aparelhos. Independente do modelo, os cigarros eletrônicos funcionam por um mesmo sistema, composto por um algodão saturado com um líquido e uma bobina de metal que aquece e transforma esse líquido em vapor.

Como funciona um cigarro eletrônico

Todos os aparelhos funcionam da mesma forma, pelo aquecimento de uma bobina de metal que está em constante contato com o líquido a ser vaporizado. Por conta desse sistema, há preocupação de que partículas de metal seja transportadas pelo aerosol produzido e assim inaladas pelos consumidores.

O que dizem os estudos

Diversos estudos foram conduzidos para identificar se há transferência de partículas de metal para o aerosol inalado, vários deles concluindo que há perigos relevantes e chamando a atenção para o assunto.

Nos últimos 6 anos houve um grande aumento nas pesquisas relacionadas aos cigarros eletrônicos, com mais de 8000 novos trabalhos publicados. Infelizmente, nem todo conteúdo segue metodologias adequadas e várias pesquisas já foram descartadas por terem falhado em diversas etapas do processo.

Uma nova revisão dos estudos realizados

Agora, um novo artigo científico revisou estudos de laboratório publicados após 2017 sobre o tema específico de metais e a relação deles com o aerosol dos cigarros eletrônicos, com foco na consistência entre o projeto experimental, uso do dispositivo na vida real e avaliação adequada dos riscos de exposição.

Uma das grandes desafios e que mostra-se o principal ponto fraco nas metodologias de algumas pesquisas científicas é traduzir o uso de um consumidor humano para os resultados oferecidos por máquinas. É frequente o uso de robôs especiais que inalam os aerosóis e assim oferecem análises químicas. Alguns resultados obtidos foram bastante negativos, para então serem descartados após revisão, quando se concluiu que as amostras foram coletadas por meio de uso não compatível com situações normais.

Um caso bastante emblemático foi um estudo publicado em 2015 que identificou de 5 a 15 vezes mais formaldeído (uma substância cancerígena) nas amostras de cigarros eletrônicos quando comparado aos cigarros convencionais, o que conquistou bastante atenção da mídia.

Após revisão, este estudo identificou que os resultados foram obtidos através do uso por robôs em situações que jamais seriam toleradas por humanos, uma vez que os cigarros eletrônicos foram acionados em potências e temperaturas que tornariam o processo intragável a qualquer consumidor, criando falsos resultados.

A nova revisão identifica que todos os experimentos analisados, publicados após 2017, exibiram falhas experimentais.

Dentre as falhas está o mesmo problema da pesquisa de 2015, o uso de produtos em alta potência em sistemas de sopro destinados a inalação em baixa potência, causando condições de superaquecimento que favorecem a produção de tóxicos e geram aerossóis que são repelentes aos usuários humanos.

Dentre outras diversas falhas estão o erro de cálculo dos níveis de exposição dos resultados experimentais, produtos adquiridos meses ou anos antes dos experimentos, cuja validade e efeitos de corrosão podem ter tido um papel fundamental nos resultados e em geral a falta de informações importantes sobre as características dos produtos utilizados, sobre a metodologia experimental e os resultados, o que dificulta não só a interpretação dos dados como a possibilidade de replicação dos estudos, fundamental para definir se os estão corretos.

Outros artigos

Sabores de e-líquido e escolhas de concentração de nicotina ao longo de 6 meses após uma tentativa de cessação do tabagismo com DEFs: Análises...

Angela Flavia Mosimann, Eva M. Güttinger, Kali Tal, Anna Schoeni, Stéphanie Baggio, Nicolas Sambiagio, Aurélie Berthet, Isabelle Jacot-Sadowski, Jean-Paul Humair, Martin Brutsche, Anja Frei, Moa Lina Haller, Reto Auer, Julian Jakob
"Sabores de e-líquido e escolhas de concentração de nicotina ao longo de 6 meses após uma tentativa de cessação do tabagismo com ENDS: Análises secundárias de um ensaio clínico randomizado"

Sistemas Eletrônicos de Administração de Nicotina para Cessação do Tabagismo

Reto Auer, Anna Schoeni, Jean-Paul Humair, Isabelle Jacot-Sadowski, Ivan Berlin, Mirah J. Stuber, Moa Lina Haller, Rodrigo Casagrande Tango, Anja Frei, Alexandra Strassmann, Philip Bruggmann, Florent Baty, Martin Brutsche, Kali Tal, Stéphanie Baggio, Julian Jakob, Nicolas Sambiagio, Nancy B. Hopf, Martin Feller, Nicolas Rodondi, Aurélie Berthet
"Sistemas Eletrônicos de Administração de Nicotina para Cessação do Tabagismo"

Eficácia dos cigarros eletrônicos para a cessação do tabagismo em populações com transtornos psiquiátricos e/ou problemas com o uso de substâncias: Uma análise secundária...

Stéphanie Baggio, Philip Bruggmann, Anna Schoeni, Nazanin Abolhassani, Kali Tal, Susanne Pohle, Anja Frei, Jean-Paul Humair, Isabelle Jacot-Sadowski, Janine Vetsch, Luca Lehner, Anna Rihs, Laurent Gétaz, Aurélie Berthet, Moa Haller, Mirah Stuber, Julian Jakob, Reto Auer
"Eficácia dos cigarros eletrônicos para a cessação do tabagismo em populações com transtornos psiquiátricos e/ou problemas com o uso de substâncias: Uma análise secundária de um ensaio clínico randomizado"

Transformando a África através da cultura, das artes e das histórias em quadrinhos

Usando a história em quadrinhos, um projeto na África está divulgando a atuação de profissionais importantes no campo científico, que defendem a redução de danos do tabagismo.

Os diferentes padrões de vaping e tabagismo na Austrália e na Nova Zelândia refletem políticas regulatórias distintas?

Colin Paul Mendelsohn, Robert Beaglehole, Ron Borland, Wayne Hall, Alex Wodak, Ben Youdan, Gary Chung Kai Chan
"Os diferentes padrões de vaping e tabagismo na Austrália e na Nova Zelândia refletem políticas regulatórias distintas?"

Caracterização Química Abrangente dos Cigarros Natural American Spirit

Vipin Jain, Aleksandra Alcheva, Darlene Huang, Rosalie Caruso, Anshu Jain, Mula Lay, Richard O'Connor, Irina Stepanov
"Caracterização Química Abrangente dos Cigarros Natural American Spirit"

Newsletter

- Receba notícias em seu email

- Não compartilhamos emails com terceiros

- Cancele quando quiser

Últimas notícias

Agora é proibido fumar nas ruas de Milão, na Itália, mas o vaping segue permitido

Enquanto os cigarros tradicionais não poderão mais ser consumidos nas ruas, os eletrônicos continuam sendo aceitos como redutores de danos.

Prevalência e correlatos dos efeitos colaterais negativos do uso de nicotina por vaping: Resultados da pesquisa de 2020 do ITC sobre tabagismo e vaping...

Hua-Hie Yong, Laura Hughes, Ron Borland, Shannon Gravely, K Michael Cummings, Leonie S Brose, Eve Taylor, Maansi Bansal-Travers, Andrew Hyland
"Os efeitos colaterais negativos associados ao uso de produtos de vaporização de nicotina foram raros e geralmente leves nos quatro países estudados. A menor duração do uso, o uso simultâneo de cigarro e vaporização, e a percepção de maiores riscos associados à vaporização em comparação ao fumo foram fatores relacionados ao maior relato de efeitos colaterais atribuídos à vaporização."

Comparando a saúde autoavaliada entre usuários exclusivos de cigarros eletrônicos e fumantes de cigarros tradicionais: uma análise da Pesquisa de Saúde da Inglaterra de...

Yusuff Adebayo Adebisi, Duaa Abdullah Bafail
"Esses achados sugerem que usuários exclusivos de cigarros eletrônicos percebem sua saúde de forma mais positiva do que fumantes de cigarros tradicionais, oferecendo insights úteis para as discussões sobre estratégias de redução de danos."

Os efeitos dos padrões de uso de cigarros eletrônicos sobre a carga de sintomas relacionados à saúde e a qualidade de vida: análise de...

Yue Cao, Xuxi Zhang, Ian M Fearon, Jiaxuan Li, Xi Chen, Yuming Xiong, Fangzhen Zheng, Jianqiang Zhang, Xinying Sun, Xiaona Liu
"Usuários exclusivos de cigarros eletrônicos (EC) apresentaram menos sintomas relacionados à saúde e melhor qualidade de vida (QoL) do que aqueles que eram fumantes exclusivos de cigarros convencionais (CC). Isso deve ser levado em consideração ao avaliar o potencial de redução de danos dos cigarros eletrônicos."

Novo estudo mostra mínima diferença na saúde de pessoas que usam cigarros eletrônicos sem histórico de tabagismo em comparação com quem nunca consumiu nicotina

Trabalho ajuda a entender os reais impactos menores dos cigarros eletrônicos quando usados isolados do consumo de cigarros tradicionais.