Documentário You Don’t Know Nicotine mostra a verdade por trás da indústria anti-vaping

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Tempo de leitura: 7 minutos

A nicotina pode fazer bem ao cérebro ajudando na concentração e memória, pode ser eficaz contra a Síndrome de Tourette, Alzheimer e outras doenças graves, em sua forma isolada baixa a pressão e não aumenta, não causa câncer, sua dose fatal oficialmente aceita está equivocada, não é tão viciante quanto se pensa e há uma conspiração encabeçada pelo bilionário Michael Bloomberg para acabar com os cigarros eletrônicos.

O FILME

Estas são apenas algumas das conclusões que podemos chegar ao assistir o documentário You Don’t Know Nicotine (Você Não Conhece a Nicotina em tradução livre) que teve sua estreia como “acesso antecipado” ontem dia 20 de Novembro através do sistema IBEX, um tipo de conteúdo sob demanda que permite o “aluguel” do filme que ficará disponível apenas até Domingo dia 22 para aqueles que queiram conferir em primeira mão o novo trabalho do diretor Aaron Biebert que o Vapor Aqui já assistiu e traz agora uma resenha detalhada.

Aaron não é novo neste tipo de iniciativa sendo responsável pelo filme A Billion Lives lançado em 2016 que apresentou algumas informações bastante preocupantes em relação à indústria do tabaco e principalmente mostrou como o uso de cigarros eletrônicos ou “vaping” recebe um ataque de vários lados por conta de interesses ideológicos que ignoram a ciência e adotam posturas emocionais.

Apesar dos temas e da abordagem, Aaron Biebert nem é nem nunca foi usuário de qualquer produto relacionado ao conteúdo dos seus filmes tampouco tem laços com alguma indústria relevante ao assunto, porém seu interesse pelo assunto não poderia ser mais pessoal, dedicando boa parte de sua vida a ajudar pessoas no combate a doenças e mortes ligadas ao tabagismo após perder um amigo devido à doenças relacionadas ao fumo.

Aaron foi convidado a participar da diretoria do National Tobacco Reform Initiative, uma organização com membros de vários projetos como A Sociedade Americana do Cancer, Truth Initiative, Harvard, Associação Americana do Coração e outros grupos anti-tabaco, investigou o tabagismo em 13 países e então resolveu se perguntar o quanto conhecia sobre a nicotina.

Entra em cena a premissa do novo documentário You Don’t Know Nicotine: descobrir e divulgar tudo o que for possível sobre a nicotina sob uma ótica científica.

Para isso, Aaron e sua equipe viajaram o mundo, dos EUA à Armênia, entrevistando cientistas, pesquisadores, legisladores e pessoas chave que pudessem dar luz ao assunto.

Ao longo de pouco mais de 1 hora e meia descobrimos algumas informações que vão de encontro ao que temos como certo em relação à substância e ficamos nos perguntando o que mais estão escondendo de nós.

Cuidado, alguns SPOILERS virão abaixo!

A HISTÓRIA DA NICOTINA

A primeira entrevista do filme conta com o Dr. Jacques Le Houezec, especialista em nicotina. Ele explica que sua vida inteira foi dedicada ao estudo da substância que está com os seres humanos há mais de 8.000 anos e que até então a consumiam em cachimbos e enroladas manualmente, mas que tudo mudou quando o tabaco foi industrializado em 1880 com a invenção da máquina de enrolar cigarros.

Muitas décadas depois, em 1962 o mais prestigiado grupo de estudos do mundo, o Royal College of Physicians deu um aviso alarmante: “fumar era prejudicial à saúde”. O aviso recebeu uma resposta hostil de governos, da indústria tabagista, da mídia e da sociedade em geral. Dois anos depois o “Surgeon General”, cargo mais alto da saúde americana, concordou com o aviso e após alguns anos todos entendiam que os cigarros matavam, começava a guerra contra o fumo.

As ações foram primariamente financiadas pela indústria farmacêutica que resultou em quase 250 trilhões de dólares em pagamentos já realizados pela indústria tabagista ao Governo dos Estados Unidos por conta de todos os danos causados pelos cigarros à saúde dos americanos.

Durante toda essa história, o foco sempre foi demonizar a nicotina e não a fumaça dos cigarros o que definiu a visão que a sociedade criou acerca da substância.

NICOTINA ESTÁ NA SUA SALADA

Antes de mais nada é preciso lembrar que quando se pensa em nicotina imediatamente pensamos nos cigarros, mas a substância nada mais é do que um mecanismo natural de defesa da planta, uma espécie de inseticida orgânico. Nicotina está nas batatas, tomates e berinjelas, verduras que insistimos que nossas crianças consumam porque faz bem à saúde.

O filme mostra o processo de extração em uma indústria de purificação para uso na fabricação de líquidos para cigarros eletrônicos, produtos de consumo de nicotina com risco reduzido, alvos de campanhas ferozes nos EUA contra seu consumo, principalmente por conta do crescente uso entre os jovens americanos cujo índice chega a alarmantes 30% em algumas escolas, estabelecendo um novo patamar no uso da nicotina e causando a preocupação de que uma nova geração entre em sua fase adulta desta vez não viciada em cigarros, mas sim na nicotina propriamente dita.

O CASO DA SUÉCIA E O TABACO ORAL

A Suécia possui um produto chamado SNUS, um tabaco oral oferecido em sachês para serem usados nas gengivas e que liberam nicotina de forma gradual.

Por lá, desde a década de 60, os números de homens adultos fumantes caíram para 5% a 6% enquanto os usuários de SNUS tornaram-se impressionantes 80% da população. Com mais de 50 anos de estudos o país possui o menor índice de câncer do mundo.

Apesar do sucesso, há grande preocupação no uso entre os jovens e é trazida uma reflexão muito interessante. Como pesar os benefícios da nicotina para uma grande parcela de pessoas adultas quando há o risco de uma parcela pequena de jovens se viciarem em nicotina? Quando podemos dizer que “vale à pena”? Quando 1 jovem se vicia? Quando 10 se viciam? 100? 1000? 10.000?

NICOTINA VICIA, MAS NÃO TANTO QUANTO SE IMAGINA NEM DA FORMA COMO VOCÊ ESPERA

O documentário aborda a questão do vício e oferece uma visão bastante diferente do que estamos acostumados. O documentário entrevista o Dr. Raymond Niaura do Departamento de Ciências Comportamentais e Sociais do Colégio de Saúde Pública Global na Universidade de Nova Iorque citado em mais de 25 mil artigos acadêmicos e que apresentou-se diante do Congresso Americano oferecendo respostas às perguntas dos congressistas.

Na entrevista, ele apresenta a chamada “rede de modo padrão” de nosso cérebro. Estamos neste modo quando não fazemos “nada”, mas ainda assim temos mil coisas em nossa mente. A nicotina é responsável por diminuir um degrau nesse “ruído” cerebral, acalmando principalmente pessoas com distúrbios e transtornos como ansiedade, hiperatividade, doenças mentais e outros, aumentando a concentração e foco em coisas específicas, o que é um benefício que pode transformar vidas e torná-las dependentes do efeito.

Nicotina não é uma droga que oferece recompensa imediata como heroína, cocaína ou crack, em que o usuário busca a sensação que a droga oferece e nela se vicia. Nicotina possui um efeito mais brando porém importante em que o usuário passa a apreciar e portanto buscar um uso contínuo.

NICOTINA É MUITO MENOS PERIGOSA DO QUE SE IMAGINA

Um caso curioso mostrado no filme é sobre a dose fatal da Nicotina. Oficialmente considera-se que apenas cerca de 60 mg seja suficiente para matar um ser humano o que a tornaria uma das substâncias mais mortais do planeta.

Este número é fruto de um estudo de 1850 que foi baseado em dados incorretos e que levou a uma aproximação bastante superficial em 1933 por Rudolph Corbett em uma publicação que tornou o valor aceito.

Porém o valor não faz muito sentido quando entendemos que há metade disso em uma cartela de gomas de mascar usadas para se parar de fumar e vendidas em qualquer farmácia.

Recentemente o Dr. Bernd Mayer pesquisador da Áustria estimou que para ser fatal a dose de nicotina pura absorvida por um ser humano deve ser entre 500 mg a 1000 mg e mesmo assim é muito improvável que isso aconteça uma vez que a nicotina quando ingerida em grandes quantidades causa vômitos quase imediatos que impedem que o corpo absorva tamanha quantidade, sendo necessária a administração por via injetável.

NICOTINA FAZ MAL? E MAIS IMPORTANTE, PODE FAZER BEM?

Um ponto importante que o documentário tenta responder é se a substância possui malefícios e quais seriam.

Visitando a Universidade de Vanderbilt, o documentário entrevista o Dr. Paul Newhouse que está à frente do maior estudo sobre nicotina realizado até hoje, chamado de “Estudo da Mente”. Em suas colocações o médico conta que conseguiu transformar a nicotina em uma substância terapêutica em 1985 com aprovação do FDA, órgão regulamentador dos Estados Unidos, cujos resultados mostraram que ela quando isolada é segura, não apresenta efeitos colaterais exceto um pouco de perda de peso (a nicotina é supressora de apetite), a pressão arterial diminuiu ao invés de aumentar (o que foi uma grande surpresa) e não ofereceu nenhum dos problemas cardiovasculares que todos esperavam.

O mais impressionante foram estudos e casos de sucesso acerca do uso da nicotina em pacientes com Alzheimer, que obtiveram resultados muito promissores com a recuperação de um percentual da capacidade da memória, além de tratamentos contra a depressão, alta pressão arterial, obesidade, Parkinson e uma variedade de outros problemas, incluindo a síndrome de Tourette, com casos de pessoas que tiveram suas vidas completamente modificadas com o controle quase total da doença através do uso de adesivos de nicotina, vendidos em qualquer farmácia e indicados para quem quer parar de fumar.

A LUTA CONTRA A DESINFORMAÇÃO

O documentário também aborda o problema das falsas informações da grande mídia, muitas vezes defendendo interesses de grandes corporações. Cita o caso da EVALI, epidemia nos EUA que hospitalizou milhares e matou mais de uma centena de americanos que nunca esteve ligada diretamente ao uso da nicotina, mas sim à cartuchos de THC falsificados contaminados com vitamina E.

Este caso foi muito emblemático para causar uma grande crise no mercado americano de produtos para cigarros eletrônicos que enfrenta banimentos de sabores, fechamento de lojas e pequenas empresas familiares, dando preferência à grande corporações.

Grande parte da crise é alimentada por estratégias de organizações anti-vaping cujo financiamento é obscuro e cuja fonte vem principalmente de Michael Bloomberg, bilionário e ex-prefeito de Nova Iorque que já investiu bilhões de dólares em campanhas e instituições contra novos produtos de consumo de nicotina, especialmente os cigarros eletrônicos, chegando até a influenciar diretamente a legislação de países menos desenvolvidos, causando um potencial dano a milhões de pessoas que poderiam migrar dos cigarros para alternativas muito menos prejudiciais.

MENSAGEM CLARA E BEM TRANSMITIDA

O filme é muito bem construído, editado de forma clara e objetiva, com uma cronologia concisa e bem estruturada que apresenta desde a história da nicotina, de onde vem, pra onde vai, onde e como é usada, seu estigma na sociedade e a forma como é interpretada nas últimas décadas, servindo de ponto de partida para muitas reflexões, a principal delas é que provavelmente, mesmo após assistir o documentário, ainda não conhecemos de fato tudo o que precisamos saber sobre a nicotina.

Você pode assistir através do acesso antecipado utilizando o link abaixo. Após este período haverá o lançamento oficial à partir de Dezembro. Siga nosso Instagram pra ficar por dentro de todas as novidades.

https://watchibex.com/programs/ydkn

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