Análise de 11 anos no Reino Unido mostra que cigarros eletrônicos não levam jovens ao tabagismo

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Uma nova pesquisa analisou dados de 2007 até 2018 sobre o uso de cigarros eletrônicos e posterior consumo de cigarros por jovens entre 16 e 24 anos no Reino Unido, para verificar se há um efeito de “porta de entrada” ao tabagismo causado pelos vaporizadores. A associação entre usar um cigarro eletrônico e posteriormente passar a consumir cigarros é um dos argumentos mais utilizados por quem é contra a regulamentação dos produtos no Brasil.

O efeito porta de entrada existe?

Alguns estudos como este de 2017 sugerem que esse efeito de fato existe, no entanto, quando os dados são analisados, parece haver uma justificativa comportamental dos indivíduos quantificados e não uma causalidade do uso dos cigarros eletrônicos.

As informações apontam que jovens que utilizaram primeiro os cigarros eletrônicos para depois passar a fumar possuem características psicológicas que contribuem para esse consumo futuro de cigarros ou porque estão inseridos em ambientes sociais propícios a seguir por este caminho, passando a fumar independente do uso prévio de vaporizadores.

É o que indicou esta pesquisa de 2017, quando concluiu que o efeito de “porta de entrada” não era compatível com os resultados analisados de países em que o consumo de cigarros por jovens diminuiu, enquanto o uso de cigarros eletrônicos aumentou ou quando houve um crescimento do tabagismo entre adolescentes após a imposição de restrições de idade na compra de cigarros eletrônicos.

A dificuldade de obter dados confiáveis

As pesquisas que indicaram haver o efeito “porta de entrada” se baseiam em estudos longitudinais. Este tipo de critério busca analisar uma mesma amostra ao longo de um determinado período, portanto não são quantitativos, qualidade essencial para buscar respostas a nível populacional e não individual.

Ao criar um viés de auto-seleção, temos dados muito limitados que podem levar a conclusões equivocadas. Uma forma de resolver o problema seria através de estudos do tipo aleatório, porém neste caso seriam anti-éticos e impraticáveis, pois significaria selecionar pessoas que nunca fumaram para que estas passassem a usar cigarros eletrônicos, para então verificar as consequências e se haveria ou não o efeito “porta de entrada”.

A alternativa para isso são estudos de séries temporais da população.

O novo estudo de série temporal

Com dados coletados ao longo de 11 anos no Reino Unido, o novo estudo foi intitulado de Associação da prevalência trimestral do uso de cigarros eletrônicos com tabagismo regular entre jovens adultos na Inglaterra: uma análise de séries temporais entre 2007 e 2018.

A conclusão é de que as mudanças na prevalência do uso de cigarros eletrônicos entre pessoas de 16 a 24 anos na Inglaterra não parecem estar associadas a aumentos no consumo de cigarros nessa faixa etária.

Este tipo de estudo é um dos mais eficazes para obter resultados confiáveis, pois se trata de dados populacionais de longo período e coloca em cheque o argumento de que vaporizadores oferecem o risco de levar os consumidores ao tabagismo.

Se existe uma associação, esta é somente devida à características inerentes às pessoas que possuem uma tendência natural de fumar, seja por questões próprias ou pelo ambiente, sem qualquer relação direta de causalidade com o uso de cigarros eletrônicos.

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